sábado, 29 de fevereiro de 2020

Pura felicidade



Pura Felicidade

Ouve-se possante brado
Amante
Na úmbria deste prado.

Agoniado
Na vida aflige-se esperniante
Alagado.

Qual bicho inquieto,
Procurou no cimo do alpestre,
E na mais funesta profundidade.
Sentiu-se fraco em tenra idade.

Enlouqueceu-se de procurar,
Na vida a pura felicidade.
Esta está noutra cidade
Em delirante e alumiado lugar.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Cinzas



Cinzas

A cinza do carnaval
É apagada pelas lágrimas dos olhos
De cada coração amante.
Depois de cada degrau
Tem-se um arco-íris abundante
De vida nova,
Nova triunfante de expectativas.
A cinza do carnaval
É apagada pelo vento desgastante,
Do azul ou negro céu.
O amor refletido no eco
Da saudade faz ressoar
O passado vivido com menosprezo
Pelas humanas vidas.
A cinza do carnaval
Será ressequida.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Danca da Chuva



Dança da chuva

A dança da chuva
Lava as cinzas
Que frutificaram
Como lágrimas de viúva,
Neste cinzeiro-carnaval,
Que desfolhou
Toda porcalhada social,
Falsidade,
Desamor humano.

Tristes vãos momentos
De folia alcoólica
No país ignorante,
Consumidor de drogas.
Brasil que não enfrenta,
Vira as costas.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Minuto Eterno



Minuto Eterno

Contagiava-se alegria
Na festa do ano,
Quatro em trezentos e tanto
Sem problemas do dia-a-dia.

Beleza de bom grado,
Palavras de bom gosto
E o diz-que-diz vinha
Fantasiando várias utopias.

Tudo se fez lindo
Em verso terno.
Tudo se fez verdade
Num minuto eterno.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Estorias



Estórias

Que situação estranha:
No quarto,
Uma hipnotizante aranha.
A porta que não era porta,
Mas um pedaço de
Estória,
Em seus vidros
O sangue, a morte,
A dengue, a aids,
Doenças inventadas
Para consumação de trabalho.
Tudo acontece
No tempo em que
A aranha tece
Sua teia maligna da verdade,
E um careca chorando a esmo repete:
Tudo acontece
Sem que estejamos preparados.
Na estante, uma conta a pagar.
No manual, a distração da leitura.
No caderno, números a bailar.
E o carnaval chegando
Modifica a vida,
Música, cor, riso,
Tudo igual nos anos passados,
Uma alegria superficial:
É a miséria cantando,
A favela sambando,
O povo gastando o que sente falta,
O Brasil devendo até as calças.
Tudo colorido e belo,
Tudo parecendo às mil maravilhas
De verde e amarelo.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Fatais vicios




Fatais Vícios

Muitos anos, muitos anos ...
Em minutos, muitos anos,
A vida corrente, uma alegria.
Domingo de insônia,
Pensamentos vãos
A pousar asas na imensidão mundana.
O luzir da juventude
A procurar sentido
Que valha a vida,
Caminhando erradamente para os vícios,
Empobrecedores e fatais da seiva do porvir.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Sol de esperas



Sol de esperas

Ala
Ala no vento
Uma brisa marinha.
Longe, longe de MINAS.
De minas
Lacrimeja o céu
Neste solo abençoado.
Fonte, fontes lindas.
Lindas
Fontes de flores
E passados tristes.
Pétalas de amores
Que talvez existam.
Existem
 Mecânicos seres
 Esperando passar
 A vida em vão,
Águias feridas, seus dizeres.
Dizeres
Belos e sentidos,
Sólidos presságios,
Sal, sol de esperas
Do verde abissal à lua claridade.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Sertina




Sertina

O que é sertina?
Surgiu há pouco tempo,
Ainda é pequenina.
É campo, roça ou povoamento?

Sertina
Vive em contraste
Do verde com as cinzas monumentais
Da civilização crescente.

Sertina
É som do boi,
É barulho de buzina
Atrapalhando os rumores
Do rádio contrabandeando música.

Sertina, Sertina,
Onde trabalham crianças
E mães reclamam
Da sorte, sem nunca ter lutado
Por um objetivo no pré-morte.
Onde a moradia é erguida
Pelo pedreiro construtivo.

Sertina
Já respira esgoto contaminado.
Tem igreja, mas não padre,
Tem cadeia e policial desarmado
Mas bandido não,
Tem louco, mas não hospício.

Sertina, Sertina
Tem tristeza
Tem alegria
Combinado com miséria
Inibida pela bebida.

Sertina, Sertina
Vê televisão
De dia ou de noite,
No banheiro ou cozinha.

Sertina,
Não obedece à lei,
Sabendo que existe.

Sertina, Sertina
É vila da vila
Pequenina, mas existente.
Vila dos contrastes,
Vila resistente.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Talvez outro dia



Talvez outro dia

Amanhã, outro dia,
Talvez chore, talvez ria
Ou tenha uma vida fria.
Pode ser que viva forte
Em paz e com alegria
Sem confiar na sorte,
Que povoam os humanos deste orbe
Anoitecido pela diluição do verde,
Coração oxigenado da natureza
Que grita de dor
A cada avanço do homem.
Mas amanhã, outro dia,
Adeus à pura vida e ao saudável ser também.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Porto de sonhos



Porto de sonhos

Quero deitar
Beijando a magnificência
Que surge frente ondas
E o sol pontuando
A imensidão azul-esverdeada
Que renasce a todo alvorecer.
Quero deitar
Olhos e sentar arrecifes,
Porto de sonhos
Da terra da estrela mestra.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Solidao nao mata




Solidão não mata

A vida
É ida e
Vinda e
Flores floridas
E amor e
Paixão e
Solidão que
Invade, mas
Não mata
 E nem desata
O sentimento
Que vai n’alma.