quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Estorias



Estórias

Que situação estranha:
No quarto,
Uma hipnotizante aranha.
A porta que não era porta,
Mas um pedaço de
Estória,
Em seus vidros
O sangue, a morte,
A dengue, a aids,
Doenças inventadas
Para consumação de trabalho.
Tudo acontece
No tempo em que
A aranha tece
Sua teia maligna da verdade,
E um careca chorando a esmo repete:
Tudo acontece
Sem que estejamos preparados.
Na estante, uma conta a pagar.
No manual, a distração da leitura.
No caderno, números a bailar.
E o carnaval chegando
Modifica a vida,
Música, cor, riso,
Tudo igual nos anos passados,
Uma alegria superficial:
É a miséria cantando,
A favela sambando,
O povo gastando o que sente falta,
O Brasil devendo até as calças.
Tudo colorido e belo,
Tudo parecendo às mil maravilhas
De verde e amarelo.

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